FAQ

Antecedente familiar, sedentarismo, obesidade ou sobrepeso, hipertensão arterial, histórico de diabetes gestacional, colesterol elevado e dieta irregular.

A maioria dos pacientes com diabetes são assintomáticos. Quando presentes, os sintomas da diabetes mais comuns são: perda de peso, sede, fome, vontade de urinar em excesso e cansaço.

Um exame que revela a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses.

Mais de 80% das pessoas com diabetes tipo 2 apresentam excesso de peso.

Síndrome metabólica, diabetes mellitus, hipertensão arterial, excesso de colesterol e triglicerídeos, gota, artrose, infarto, AVC, insuficiência renal, apneia do sono, esteatose hepática.

Sim, a maioria dos pacientes evoluem com deficiência nutricional caso não façam reposição de vitaminas pós cirurgia bariátrica. As deficiências mais comuns são de cálcio, vitaminas b12 e D.

O IMC é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de sobrepeso e obesidade. É calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).

IMC = Peso / Altura x Altura

Exemplo de como calcular o IMC:

IMC = 80 kg / 1,80 m x 1,80 m = 24,69 kg/m2 (Peso Normal)

 A classificação de peso é feita segundo os seguintes critérios:

Categoria IMC
Abaixo do Peso Abaixo de 18,5
Peso Normal 18,5 - 24,9
Sobrepeso 25,0 - 29,9
Obesidade Grau I 30,0 - 34,9

O diabetes mellitus é uma doença caracterizada pelo excesso de glicose (açúcar) no sangue. É uma das mais comuns em todo o mundo. Os níveis de glicose no sangue são regulados pela insulina, um hormônio produzido no pâncreas. Quando falta insulina ou quando ela não atua corretamente, ocorre o diabetes mellitus.

No diabetes mellitus tipo 1, uma falha provavelmente genética no pâncreas faz com que ele produza pouca ou nenhuma insulina. Esse tipo se manifesta principalmente na infância, na adolescência e no início da vida adulta.

No diabetes mellitus tipo 2, a insulina é produzida, mas os receptores das células-alvo não funcionam corretamente. Então, a glicose não é metabolizada e fica concentrada na corrente sanguínea. Representando 80% dos casos, é o tipo mais comum e, normalmente, inicia-se na idade adulta. É hereditário, mas a obesidade e o sedentarismo contribuem para seu aparecimento.

É impossível evitar completamente o diabetes mellitus. Mas seus riscos e complicações podem ser diminuídos com algumas medidas, como o controle do peso e a prática de exercícios físicos.

A epidemia mundial de sobrepeso e obesidade afeta aproximadamente 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, dois terços da população tem sobrepeso e metade é obesa. No Brasil, estima-se que 40% da população tem sobrepeso ou obesidade. Deste total, 3% da população adulta apresenta obesidade grau III ou mórbida (IMC > 35 Kg/m²).

Segundo o International Diabetes Federation (IDF), 11% da população brasileira tem Diabetes tipo 2. Nesses pacientes, a prevalência de Diabetes tipo 2 é de 20 a 30%, ou seja, devemos ter no Brasil algo como 400 mil obesos mórbidos diabéticos tipo 2.

Os obesos mórbidos não diabéticos apresentam um alto risco de desenvolver diabetes durante a permanência da obesidade e da resistência à insulina relacionada a esta. Outro dado importante é que existe um grupo, duas vezes maior, de obesos grau I (IMC < 35) com diabetes, cuja morbidade pode indicar a discussão da conduta de cirúrgica metabólica nestes pacientes.

O tratamento da obesidade com terapias comportamentais (dieta e exercícios) e com medicamentos apresenta resultados relativamente ineficazes na manutenção do peso perdido. Na obesidade mórbida, estes resultados são ainda mais desapontadores. A partir de 1991, várias sociedades médicas internacionais estabeleceram, como critério de recomendação da cirurgia bariátrica, o insucesso do tratamento clínico em pacientes com IMC > 40 ou IMC > 35, nos casos de comorbidades graves associadas com possível reversão com o emagrecimento induzido pela cirurgia.

Alguns pontos devem ser acrescidos a esta indicação: a presença de risco cirúrgico aceitável; o esclarecimento do paciente quanto ao seguimento de longo prazo, manutenção de terapias dietéticas e suplementação vitamínica durante toda a vida; a realização do procedimento por cirurgião habilitado; e a possibilidade de avaliação e seguimento com equipe multidisciplinar das áreas clínicas.

Atualmente, as Sociedades de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, de Endocrinologia, de Diabetes e de Estudos sobre Obesidade estão discutindo levar ao Conselho Federal de Medicina novos critérios de indicação cirúrgica nos diabéticos não obesos mórbidos, desde que não estejam controlados clinicamente.

O maior estudo sobre este assunto é o SOS (Swedish Obese Subjects), que compara um grupo de pacientes operados com um grupo não operado (controle). Os dados do SOS indicam uma prevalência de diabetes, após dois anos de seguimento, de 8% no grupo controle e 1% no grupo operado; e, após 10 anos, 24% no grupo controle e apenas 7% no grupo operado.

Adams, um epidemiologista dos EUA, publicou em 2007 um importante estudo, que demonstrou que no grupo de operados houve uma diminuição de 90% da mortalidade secundária a diabetes, quando comparado a um grupo não operado.
Vários outros estudos demonstram remissão entre 70 e 90% dos casos, sendo evidentes as taxas menores nos pacientes usuários de insulina por vários anos, nos quais a capacidade funcional da célula beta pode estar muito comprometida. Por outro lado, a totalidade dos pacientes usuários de hipoglicemiantes orais reverte o diabetes com a cirurgia.

A cirurgia bariátrica apresenta resultados favoráveis nos fatores de risco cardiovasculares. Há uma nítida melhora no perfil lipídico (colesterol e triglicérides), na hipertensão arterial e na apneia de sono.

O primeiro consenso de indicação da cirurgia bariátrica foi desenvolvido em 1991. O critério de IMC > 40 foi acrescentado da necessidade do fornecimento de um consentimento livre e informado, detalhando as complicações possíveis e a necessidade de um atendimento e seguimento multidisciplinar de longo prazo. Em pacientes com IMC > 35, na presença de comorbidades significativas com possibilidade de melhora ou reversão, existe uma indicação da cirurgia bariátrica. Este critério se aplica aos pacientes com Diabetes tipo 2. Uma discussão em aberto refere-se a pacientes diabéticos tipo 2 com IMC < 35.

Alguns autores advogam a indicação cirúrgica em casos selecionados. Um argumento favorável a esta discussão é que alguns pacientes mal controlados metabolicamente, com IMC < 35, irão atingir estes valores ao serem mais bem controlados, por exemplo, com insulina, passando a preencher o critério vigente. A decisão deve ser feita por pacientes e médicos esclarecidos sobre os riscos e benefícios potenciais.

Estudos experimentais em animais e estudos clínicos sugerem que procedimentos que alteram o trajeto da comida através do aparelho digestivo podem controlar diabetes e alterações metabólicas associadas por mecanismos, independente de perda de peso. Isso fez criar uma nova disciplina , a cirurgia metabólica. Como resultado, o uso de cirurgia bariátrica e metabólica, experimentalmente, através de operações sobre o sistema gastrointestinal para tratar o Diabetes tipo 2 aumentou, mesmo entre menos pacientes obesos em todo o mundo.

Enquanto, atualmente, o IMC representa um parâmetro significativo, definindo uma indicação para cirurgia bariátrica, existem evidências que o IMC sozinho não deve ser fator limitante para eventualmente indicar o tratamento cirúrgico do Diabetes tipo 2. Além disso, o IMC parece limitado em definir o perfil de risco para os pacientes. Estudos clínicos grandes, comparando o tratamento cirúrgico do Diabetes tipo 2 versus o melhor tratamento clínico, definiram brevemente o papel da cirurgia metabólica, que, sem dúvidas, terá seu lugar no arsenal terapêutico do diabético tipo 2.

O Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz é pioneiro nas pesquisas em cirurgia metabólica, tanto para IMCs acima ou abaixo de 35 kg/m2.

O objetivo primário das operações bariátricas é a perda ponderal e o controle ou até mesmo a remissão de doenças associadas.

Esperamos entre 18 a 24 meses após as derivações gástricas em Y de Roux uma perda de 70% a 90% do excesso de peso pré-operatório e a melhora de doenças associadas como cerca de 90 a 95% da apneia do sono, entre 80 a 95% de remissão completa do diabetes do tipo 2, melhora do refluxo gastroesofágico em 95% das vezes e melhora das doenças das articulações em 90% das eventualidades. Melhora ou remissão da hipertensão entre 55% e 75% dos pacientes.

Já para a gastrectomia vertical, esperamos perda de peso semelhante à derivação gastrojejunal em Y de Roux. Entretanto, ela pode não proporcionar o mesmo sucesso em algumas doenças associadas.

O risco de mortalidade é de 0,15% (SRC – Bold 2014) e está geralmente relacionado com a gravidade das doenças associadas. O índice de complicações maiores é de aproximadamente 3%, menor do que muitas operações de grande porte, especialmente quando realizadas em Centros de excelência, como o Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Sem dúvidas, as vantagens relativas ao controle das doenças associadas, melhor qualidade de vida e longevidade são extremamente compensadoras.